terça-feira, 23 de agosto de 2016

O próximo debate poderia até ser pelo twitter... ;-)

Uma certeza sobre o primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo: o maior derrotado foi o eleitor. Fala sério, ninguém aguenta mais esse modelo de debate político que não permite escolher o candidato mais preparado para ser prefeito, mas apenas o melhor (ou mais canastrão) ator.

O próximo debate poderia até ser pelo twitter. Tanto faz. Ao menos seria mais prático, barato e moderno, evitando que candidatos e suas respectivas comitivas passassem frio, perdessem tempo no trânsito e ficassem acordados à toa. O resultado seria idêntico, talvez até melhor.

O que se vê nos debates, afinal? Mensagens telegráficas, como se dizia antigamente, adaptando melhor o velho sentido da comparação hoje com o twitter, mesmo, ou instagram, facebook e snapchat. Tempo restrito, espaço limitado, repetições de frases de efeito, decoreba sobre promessas irrealizáveis, crítica ensaiada ao que o outro fez ou deixou de fazer, frases treinadas em horas de media training e poses dignas da espontaneidade de uma selfie no espelho com biquinho (no caso, forçado pelo botox).

O debate é revelador menos pelo que se diz do que pelo não se diz, pelos silêncios, tropeços, gaguejadas e dessa vez até pelas ausências. Muita gente não sabe, mas as assessorias de partidos e candidatos passam meses indo a reuniões nas emissoras para engessar o máximo possível as regras destes encontros, evitando surpresas, improvisos e confrontos fora do script.

Nada da câmera flagrar expressões fora do combinado, nenhum movimento que tire o debate da mesmice. Agora, amparados pela lei, conseguiram calar até candidaturas expressivas como a da ex-prefeita Luiza Erundina (PSOL) e a do vereador Ricardo Young (Rede Sustentabilidade), que fizeram cada um seu "debate do debate"Erundina com o vice Ivan Valente em um canto, e em outro Young com Marina Silva e a vice Carlota Mingolla.

Melhor seria se ambos tivessem feito um único debate alternativo, com a cobertura conjunta da mídia independente e amplamente difundido nas redes sociais. Ampliaria a audiência, agregaria "valor" democrático à ação partidária de cada um e haveria realmente um contraponto qualitativo à cartilha decadente dos debates oficiais.

Pois o #ProgramaDiferente, que já havia sondado informalmente os candidatos com essa proposta, agora faz um convite formal: mediar um encontro entre Ricardo Young e Luiza Erundina, que são candidatos de partidos com representação na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e na Câmara de São Paulo, possibilitando até mesmo a participação dos demais excluídos (PSDC, PRTB, PCO e PSTU), simultâneo ao próximo debate na TV e aberto ao público, às redes e à mídia alternativa. Dá até pra apostar que teria mais repercussão que o original. Alguém duvida?