domingo, 17 de janeiro de 2016

Eleição paulistana em 2016 terá caráter plebiscitário

Se a oposição continuar nessa pasmaceira, Fernando Haddad estará no 2º turno da eleição paulistana. Não vai se reeleger, até pelo caráter plebiscitário (todos contra o PT), mas irá garantir uma vaga na final. Por que? Porque cerca de 15% dos paulistanos ainda consideram a administração dele boa ou ótima, a despeito da maioria que o vê como um dos piores prefeitos da história de São Paulo.

Quem são os potenciais adversários de Haddad e quais as características de cada um? Despontam como principais oponentes da reeleição do prefeito: Russomanno (PRB), Datena (PP), Marta Suplicy (PMDB) e o nome que sobreviver no arranca-rabo tucano (disputa que, por enquanto, está entre Andrea Matarazzo, João Doria e Ricardo Tripoli).

Ocorre que a indefinição dessas candidaturas (além da fragilidade e da altíssima rejeição de cada uma delas, inclusive dentro de suas próprias legendas), mantém a sobrevida de Haddad, que surfa na onda dos factoides e das ações cosméticas. Pura perfumaria, mas que funciona com parcela da população mais descolada da política tradicional, sensível ao fechamento da Paulista, à profusão de ciclovias e a outras propostas demagógicas (e inviáveis, nos moldes atuais) como a eleição direta para subprefeitos.

Aí está o maior erro da oposição: ao se mostrar ausente, apática, distante do dia-a-dia dos paulistanos, permite que um número expressivo de eleitores ainda enxerguem algo de moderno, inovador, democrático e eficaz naquilo que é só marketing em Haddad, vazio e estéril, tramado para se sustentar no poder a qualquer preço.

Fato é que existe um vácuo no quadro de opções mais progressistas para a cidade. Quem tende a votar em Russomanno, em Datena ou no candidato do PSDB (qualquer um, e cada vez mais) é o eleitorado mais retrógrado e conservador. As viúvas do malufismo, popularmente falando (ainda que o próprio Maluf apóie Haddad, o que por si só demonstra a draga da política paulistana).

Outro detalhe que pouca gente se dá conta: o PSDB fora do 2º turno não é uma possibilidade tão remota ou surpreendente. Pois, ainda que seja o principal oponente do PT no cenário nacional e estadual (onde é governo desde 1994), não demonstra tanta força assim na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Basta conferir o placar.

Em 30 anos de disputas municipais, o PSDB só chegou uma vez à Prefeitura, com José Serra, em 2004. Até mesmo no 2º turno, só esteve em outra oportunidade (2012, perdendo para Haddad). Nas demais eleições, a polarização se deu entre o petismo e o malufismo (1988, 1992, 1996 e 2000) ou entre o PT e Gilberto Kassab (2008), outro que pode influenciar em alguma medida a eleição de 2016, e deixar os tucanos de fora (lembre-se que o próprio Geraldo Alckmin disputou e perdeu as eleições municipais de 2000 e 2008, em ambas não chegando nem ao 2º turno).

Ideologicamente, hoje, Marta Suplicy é o nome mais próximo deste pólo de paulistanos que busca uma opção confiável entre o desgoverno de Haddad e o salto no escuro representado por este populismo dos heróis televisivos à direita. A ex-prefeita tem história, bagagem e bom trânsito do centro à periferia, mas, neste quadro plebiscitário que vai marcar 2016, sofrerá forte resistência para convencer o eleitorado de que ela realmente se tornou uma anti-petista. Ou seja, vai encampar a rejeição a ela própria, ao PT e ao PMDB. Complicado.

O cenário aponta, portanto, para o potencial de crescimento de uma candidatura com perfil progressista, moderno, sustentável, descolado da política tradicional e que seja oposição ao PT sem resvalar para o conservadorismo retrógrado e populista, nem, por outro lado, para a esquerda mais panfletária.

Quem pode se enquadrar nessas características? Claramente o PPS, o PV, a Rede Sustentabilidade e talvez o PSB (que pode entrar nessa coligação se o candidato tucano não for o preferido do governador).

O PPS já lançou o nome do vereador paulistano Ricardo Young como alternativa para essa empreitada. Há outras opções para compor uma boa chapa com os demais partidos: Eduardo Jorge (PV), Roberto Tripoli (PV), João Paulo Capobianco (Rede), para citar só alguns.

Mas o importante é que há saídas. Basta dar o primeiro passo.

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