terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Datena já desistiu. Russomanno será o próximo?

Aquele que foi sem nunca ter sido: Datena candidato a prefeito de São Paulo já era! Saiu da disputa como ameaçou entrar, no melhor (ou pior?) "estilo Datena", atirando para todo lado. Tem gente apostando que o próximo a desistir da eleição será Celso Russomanno, também no estilo peculiar: "estando bom para ambas as partes"...

Curioso que Datena só tenha percebido agora que o PP é um antro de corrupção. Desinformado o apresentador, não? Mas as declarações para justificar a desistência são antológicas:

"Não posso permanecer em um partido que tomou mais de R$ 300 milhões da Petrobras."

"Desisti por causa das novas denúncias de corrupção ligando o partido a que me filiei com o objetivo específico de me candidatar. Lembrei do que meus pais diziam: 'Diz com quem andas e te direi quem és´."

"Jamais disputaria uma prévia eleitoral com Maluf. Preferia uma disputa com o Marcola [um dos líderes do PCC]."

"Acreditei que seria possível ajudar a cidade, mas o cenário político só piora, com denúncias cada vez mais cabeludas. Ele [Maluf] é o candidato ideal para o momento de hoje."

As apostas na desistência de Russomanno vão mais ou menos nessa mesma linha: denúncias de crimes e ilegalidades, mas contra o próprio. 

Em fevereiro de 2014 (embora a notícia só tenha vindo a público no final de 2015), o deputado federal e apresentador de TV Celso Russomanno (PRB-SP) foi condenado a dois anos e dois meses de prisão (convertidos em penas alternativas) por ter nomeado como funcionária de seu gabinete, entre 1997 e 2001, a gerente de sua produtora de vídeo, a Night and Day Promoções.

Segundo a Justiça Federal do Distrito Federal, Sandra de Jesus recebia salário como assessora pela Câmara dos Deputados, mas trabalhava de fato na empresa de Russomanno. Ele recorreu da decisão e o caso seguiu para o STF (Supremo Tribunal Federal). Pode ficar inelegível ou pode ser simplesmente levado a desistir.

O caso é semelhante a uma nova denúncia noticiada pela Folha de S. Paulo. No ano passado, o deputado federal teria nomeado como funcionários de seu gabinete cinco pessoas que atuam em sua ONG em São Paulo, o Inadec (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor). Russomanno nega qualquer ilegalidade, afirmando que os funcionários prestam serviços ao mandato.

Mas dizem que vem mais coisa por aí. Resta esperar. Por enquanto, com a desistência de Datena, o beneficiário natural deste campo de salvadores da pátria midiáticos parece ser o próprio Russomanno. Porém, se este também abandonar a disputa, abre-se um cenário completamente diferenciado para a sucessão de Haddad.

Em tese, surge um vácuo mais à direita, que poderia ser ocupado - veja só - por um nome até então distanciado de qualquer especulação eleitoral: Guilherme Afif Domingos, do PSD de Gilberto Kassab.

Ex-vice governador de São Paulo, ex-ministro de Dilma, empresário com bom trânsito e aparentemente inatacável tanto pelo PT quanto pelo PSDB, Afif pode ser uma saída para o campo conservador.

Do outro lado, parece haver um fortalecimento da candidatura de Marta Suplicy (PMDB), que vai buscar resgatar o eleitorado frustrado com Haddad mas que ainda mantém o voto no espectro mais à esquerda e progressista (campo que pode também começar a ser ocupado por Ricardo Young, do PPS, que nesta semana já teve o apoio declarado de Marina Silva).

Aliás, uma hipótese não descartada (parece maluca a princípio, mas tem lógica) é que a candidatura de Marta Suplicy acabe sendo apoiada por Kassab e até mesmo por José Serra (reunindo, portanto, os três últimos prefeitos de São Paulo contra Haddad).

Tudo depende do desfecho da disputa acirrada no ninho tucano. Pode vir uma debandada por aí e um rearranjo de lideranças mais ao centro.

Ou seja, as nuvens seguem formando novas figuras no céu da política paulistana...

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