sexta-feira, 24 de julho de 2015

Opiniões sobre a entrevista do Cabo Anselmo



Dirigentes da FAP debatem a entrevista do Cabo Anselmo. Assista. Dirigentes do PPS e da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), o jornalista Luiz Carlos Azedo, o historiador Alberto Aggio e o jornalista Francisco Inácio de Almeida repercutem a entrevista exclusiva da TVFAP.net com o Cabo Anselmo, personagem controverso e agente duplo da ditadura. Reveja aqui a entrevista. Abaixo, outras opiniões.


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A Fundação que leva o nome de Astrojildo Pereira não pode servir de tribuna para uma figura abjeta como esse Cabo Anselmo - alguém que daria asco até mesmo em Joaquim Silvério dos Reis.

Em momento tão delicado da vida do país, em tempos tão difíceis e incertos, a TVFAP abrir os microfones para esse dedo-duro defender uma nova ditadura militar é demais. Esse programa da TVFAP é vergonhoso. O Cabo Anselmo que dê entrevista para a Folha do Doi-Codi ou algo do gênero.

Ivan Alves Filho, jornalista e historiador, membro do Conselho Curador da Fundação Astrojildo Pereira.
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Parece-me ser evidente que constituiu um grave equívoco divulgar a entrevista do cabo Anselmo e a propaganda de seu livro, na TV FAP.

Se tivesse ocorrido a sua entrevista com um contraponto, era discutível, mas colocá-lo sozinho a dizer tudo o que diz e da forma como diz, não me parece correto.

Um jovem ou uma jovem, sem maiores informações ou sem um nível básico de cultura política, ao ouvir tal depoimento, numa TV de um partido da nossa visão e prática política, poderá acreditar que o cabo é uma figura séria e que merece ser considerado, não é mesmo?

Como há mal que vem para o bem, examinemos como devemos proceder daqui para a frente quando formos escolher pessoas a serem entrevistadas em nosso canal.

Francisco Inácio de Almeida, jornalista, membro da Direção Nacional do PPS e do Conselho Curador da Fundação Astrojildo Pereira.

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Assisti os "principais momentos", possibilidade que nos dá o Blog do PPS.

Não vi a entrevista toda. Mas o que vi não caiu bem.

Entendo correta a postura de ser plural, mas acho que que o entrevistado não acrescenta nada historicamente.

Saber o que ele pensa hoje, se se arrependeu ou não?

Não gostei.

Davi Zaia, deputado estadual, presidente do PPS de São Paulo e secretário-geral da Direção Nacional do PPS.

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Jornalisticamente falando, foi um gol de placa a entrevista com o cabo Anselmo. Pode-se questionar a edição, talvez merecesse um contraponto audiovisual e não somente no texto de apresentação no site.

Corrige-se a lacuna entrevistando alguém que viveu aquele período, por exemplo, ou um historiador, como o nosso bravo Ivan Alves Filho.

Não vamos agora cair no equívoco de querer censurar a TVFAP, que vem prestando excelentes serviços.

Essa é a minha ponderação aos camaradas.

Luiz Carlos Azedo, jornalista, colunista político e membro do Conselho Curador da Fundação Astrojildo Pereira.
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Justamente por ser um personagem que dá asco em qualquer ser humano minimamente civilizado, e por estarmos vivendo uma crise política (e talvez institucional) gravíssima, é que precisamos nos resguardar destes fantasmas do passado.

Não por acaso, este sujeito ressurge numa associação de oficiais das Forças Armadas pregando um golpe militar. Será uma voz isolada?

Resta avaliar, jornalisticamente e politicamente, se vamos seguir atuando e conversando só entre os nossos, honrando de fato uma bela história e memória que devem ser preservadas, ou se também, além disso, voltaremos a assumir um papel protagonista no atual contexto político, acadêmico, cultural.

Quando ouvimos um crápula sanguinolento que não demonstra arrependimento por entregar à morte centenas de "companheiros" (incluindo a namorada, possivelmente grávida), estamos jogando luz num capítulo triste e obscuro da nossa História (que parcela da sociedade incrivelmente defende).

Assim, quando entrevistamos o Cabo Anselmo, estamos resgatando a memória das suas vítimas e dos que morreram na resistência à ditadura. Estamos vacinando os mais jovens contra esse vírus do terror. Isso é função do jornalismo e da Fundação.

Do mesmo modo que, ao relembrar os 40 anos do assassinato de Herzog, para citar outra ação recente da TVFAP.net sobre os anos de ditadura, não estamos dando espaço ou fazendo apologia de assassinos e torturadores, mas mantendo viva a chama da esperança e da liberdade, valorizando os princípios democráticos e republicanos.

Não será negando a História que viveremos dias melhores, mas nos posicionando com altivez e coragem do lado que julgamos correto.

Creio que o jornalista Astrojildo se sentiria honrado por ajudar a desmascarar este cidadão com a sua "verdade" exposta em livro e desmentida pelos fatos.

Mauricio Huertas, jornalista, secretário de Comunicação do PPS/SP e diretor de Comunicação da Fundação Astrojildo Pereira.