quarta-feira, 1 de julho de 2015

Câmara de São Paulo: cabidão para 660 novos cabos eleitorais e R$ 5,5 milhões a mais só de vale-refeição

Está aí noticiado em toda a imprensa e criticado pela quase totalidade das pessoas que comentam o assunto nas redes sociais: o aumento de 12 funcionários para cada um dos 55 vereadores paulistanos, que já contam com 18 assessores de livre provimento nos gabinetes. Isso sem contar os servidores da Câmara Municipal, os assessores da Mesa Diretora, Corregedoria, Escola do Parlamento, Diretoria de Comunicação Externa, os funcionários das lideranças partidárias, motoristas, procuradores, garçons, médicos, dentistas, um canal de TV só para eles... etc. etc. etc.

Mas, enfim, vamos nos concentrar nesses 660 novos auxiliares de gabinete. O argumento do presidente da Câmara, vereador Antonio Donato (PT), e da maioria que aprovou o novo trem-da-alegria para abrigar seus cabos eleitorais, é que não haverá gastos extras com as novas contratações.

Ora, ora... Pode até ser verdade que o valor da verba de gabinete que os parlamentares tem disponível mensalmente para salários e gratificações não será alterado (cerca de R$ 130 mil), mas uma conta rápida mostra que a Câmara terá uma despesa extra anual de R$ 5,5 milhões só de vale-refeição para os novos auxiliares.

Veja: hoje, o custo do vale-refeição (R$ 700,00) por gabinete com 18 funcionários é de aproximadamente R$ 12.600,00. Os 12 novos funcionários vão acarretar uma despesa extra de R$ 8.400,00. Multiplicado por 55 gabinetes, serão R$ 462 mil a mais por mês, ou R$ 5,5 milhões por ano.

Isso sem contar os custos administrativos e o sucateamento de serviços como o atendimento médico e dentário, aos quais os funcionários da Câmara tem direito (extensivo aos familiares). Aí uma nova conta rápida resulta em números ainda mais assustadores. Vamos supor que cada família tenha em média quatro pessoas (pai, mãe e dois filhos). Só com os 660 novos auxiliares, vai aumentar em 2.640 pessoas por mês o público que pode pedir exames laboratoriais e ser atendido por médicos e dentistas da Câmara.

Mas o caso do vale-refeição é mesmo o mais emblemático. O Planvale já foi bastante criticado por funcionários e até mesmo pelo ex-presidente da Câmara, o então vereador (hoje deputado estadual) José Américo Dias, também secretário nacional de Comunicação do PT, que há dois anos prometia substituir a empresa pelo serviço prestado, considerado por ele insatisfatório, como declarado em várias reuniões da Mesa Diretora, transmitidas e gravadas pelo circuito interno da Câmara.

Não apenas não trocou de empresa, como agora a Planinvesti (dona do Planvale) será beneficiada por esse cabidão de novos beneficiários. Aí cabe mais uma lembrança... Quem é mesmo o dono da Planinvesti? O empresário Paulo Lofreta, amigo e colaborador de candidatos do PT, apoiador declarado de Dilma Roussef à Presidência da República, signatário e divulgador entre esportistas do manifesto "Dilma é do nosso time".


Ele também foi o promotor, em 13 setembro de 2010, de um jantar de apoio à Dilma e ao então candidato a deputado federal José de Filippi Júnior (PT), atual secretário de Saúde do prefeito Haddad e que foi tesoureiro da campanha de Lula em 2006 e de Dilma em 2010 (e agora é apontado pelo suposto envolvimento nos escândalos investigados pela Operação Lava-Jato).

Na Saúde, José de Filippi não tem agradado ninguém. A imprensa cita que o próprio prefeito Haddad anda descontente com o trabalho do seu secretário (e coordenador do seu plano de governo na campanha de 2012). Ele também foi prefeito de Diadema por três mandatos.

Em Diadema, a Planinvesti é responsável por cartões magnéticos do bilhete único ou vale-transporte, assim como em São Paulo, Santo André, Osasco e São José dos Campos, por exemplo, coincidentemente todas administrações petistas, e em Cubatão responde pelo Cartão Servidor Cidadão.

Foi também em Diadema que Paulo Lofreta se destacou em outra atividade importante: como presidente do Clube Atlético Diadema, fundado por meio da sua empresa BR Soccer em 2009, teve uma ascensão meteórica no futebol paulista, chegando à 1ª divisão em menos de cinco anos de existência.

Voltando às relações com a Câmara e com a Prefeitura, fecha-se o ciclo de Paulo Lofreta com o PT: em 2013, ele foi convidado pelo prefeito Haddad para integrar o Conselho da Cidade, com personalidades que discutem o cumprimento do Plano de Metas de São Paulo. Aquele que Haddad, o incomPTente, não cumpre.