quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Um verdadeiro Fla x Flu de bárbaros da Idade Média

Dois episódios atuais servem para demonstrar como o "mundo moderno" está distante do nosso ideal de civilidade: o fuzilamento do traficante brasileiro preso na Indonésia e o atentado terrorista ao jornal Charlie Hebdo, em Paris, serviram para despertar - além do tradicional confronto polarizado de opiniões, no pior estilo Fla x Flu - os instintos mais bárbaros e primitivos do ser humano.

Pena de morte, família, drogas, religião, segurança, justiça, vingança, liberdade de expressão, são pratos cheios para discussões acaloradas, por vezes agressivas, mas quase sempre baseadas em argumentos rasos, parciais e subjetivos, de um lado ou do outro da "torcida".

É difícil, quando ninguém se escuta, rebater raciocínios tão simplistas quanto canalhas: ser contra a pena de morte é ser a favor das drogas e da morte de jovens vítimas de traficantes e blablablá. Defender os cartunistas franceses é ser anti-islâmico (ou anti-semita, ou anti-cristão, ou anti-tudo). Ser contra a execução do brasileiro na Indonésia é defender que ele fosse "solto", ficasse "livre", portanto incentivando o tráfico e novamente a morte de jovens vítimas e blablablá.

Somos uns imbecis retrógrados (e cúmplices da bandidagem) porque não acompanhamos o PROGRESSO da sociedade, que clama por pena de morte (queremos plebiscito já!) e sempre que possível faz "justiçamento" com as próprias mãos, afinal o Estado é ineficaz e lerdo, pois não mata logo todos esses bandidos em praça pública!

Que humanismo, que nada! Isso é coisa do passado, não está em sintonia com o mundo moderno!!! (Quem sabe se a Apple não lança um app para Iphone, para cada cidadão de bem apertar no seu aparelho o gatilho ou disparar uma descarga elétrica nos bandidos que estão sendo executados merecidamente pelo mundo?).

Afinal, o que pensa o tal "cidadão de bem": Eu certamente usaria o app em qualquer FDP que atingisse a mim ou à minha família, ou talvez àqueles que professam a minha fé e compartilham as minhas crenças e costumes, ou contra alguém que eu simplesmente considerasse merecedor de uma pena mais rígida (sou humano, porra!).

E, quer saber, a sociedade que se dane!!! Não vou me submeter às regras de uns idiotas que não respeitam a soberania de um país sério como a Indonésia e ainda se preocupam em defender a vida de bandido!!!

(aviso explícito para evitar mal entendido: neste ponto termina a ironia do texto)

Não é preciso todo esse debate para afirmar que nós do PPS somos humanistas, defendemos a vida, a liberdade, a igualdade, a democracia, a república...

No caso específico da pena de morte, o partido é contra. Deve ser assim. Essa é a nossa história, este é o nosso lado. Quem tem outra opinião (o que é legítimo), nesses casos pontuais, pode até querer mudar "o" partido, mas se insistir vai ter que mudar "de" partido.

Obviamente, o diálogo e o debate (viva a liberdade de expressão e pensamento) são necessários sempre, mas jamais para mudar nossos princípios.

Qualquer cidadão de bom senso deve defender punição rigorosa a qualquer criminoso, e neste caso do traficante brasileiro não seria diferente, mas isso não implica endossar a pena de morte. Pessoalmente, é até natural desejarmos a morte de um traficante (ou que fosse um assassino, sequestrador, estuprador etc.). Mas o Estado ter esse poder, não combina com o ideal que temos de mundo, de justiça e de sociedade.

Portanto, a crítica à presidente Dilma Roussef e ao governo do PT não deve se dar por ter cumprido o seu papel de tentar até o último momento proteger um cidadão brasileiro condenado à morte em outro país, mas exatamente por fracassar no cumprimento deste dever.

Não está em jogo aqui se o sujeito "merecia" ser condenado pelo crime cometido (claro que merecia!), mas se cabe a pena de morte no mundo civilizado. É muito mais que um julgamento subjetivo, moral, pessoal. Todo criminoso deve ser punido com o rigor da lei, mas dentro dos princípios humanos e dos limites que estabelecemos como aceitáveis.

Após a execução, Dilma se diz "consternada e indignada"? (...) Agora???!!!

Nunca antes na história deste país um brasileiro foi executado no mundo em pena de morte. Mais uma realização de Lula e Dilma.

O ministro Marco Aurelio Garcia (Mr. Top Top), famoso por festejar acidente da TAM, foi quem intercedeu pelo brasileiro executado na Indonésia? Explica-se.

Esse (des)governo Dilma, com suas Relações Internacionais padrão PT (pró-bolivarianos e ditadores), não tem o mínimo peso no mundo. Desmoralização total! #ForaPT