quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Loteamento partidário na gestão Haddad promove dança das cadeiras de vereadores na Câmara de SP

Kassab é especialista em atrair parlamentares para a base
A posse em breve dos vereadores paulistanos eleitos deputados, que ocorrerá respectivamente nos meses de fevereiro (federais) e março (estaduais), e a anunciada reforma do secretariado do prefeito Fernando Haddad, com a eventual nomeação de parlamentares para o governo, vai mexer sensivelmente com a Câmara Municipal de São Paulo.

Todos os movimentos são estratégicos para a eleição de 2016: com baixa popularidade e um governo medíocre, Haddad se aproxima de figuras como Gabriel Chalita (PMDB), nomeado secretário da Educação e cotado para vice-prefeito daqui a dois anos, e Gilberto Kassab (PSD), ministro das Cidades e novo queridinho do PT com seu pragmatismo situacionista, na esperança de dar um gás à gestão "ruinddad".

O prefeito também atende, enfim, a mais antiga e recorrente reivindicação de vereadores e partidos da base, promovendo o tradicional loteamento da máquina e entregando na bacia das almas secretarias, subprefeituras e cargos de confiança no governo.

Quintas, Cabrabom e Camilo tomaram posse em 6 de janeiro
Já foram empossados no dia 6 de janeiro, na reunião inaugural da nova Mesa Diretora presidida pelo vereador Antonio Donato (PT), os suplentes Valdecir Cabrabom (PTB), Coronel Camilo (PSD) e Adolfo Quintas (PSDB), que substituem Jean Madeira (PRB), novo secretário estadual de Esportes, Lazer e Juventude, Antônio Carlos Rodrigues (PR), nomeado para o Ministério dos Transportes, e Floriano Pesaro (PSDB), secretário estadual de Desenvolvimento Social.

Em 1º de fevereiro, data do término do recesso e também da posse dos deputados federais eleitos, Antonio Goulart (PSD) - ele próprio cotado para ser secretário de Haddad - deve renunciar à vereança e, assim como o tucano Floriano Pesaro, assumir sua cadeira na Câmara dos Deputados. No lugar de Goulart será efetivado o atual suplente Anibal de Freitas, tucano que foi eleito em 2012 na chapa composta por PSDB, PSD, DEM e PR.

Wadih Mutran está de volta
Em 15 de março será a vez dos novos deputados estaduais assumirem seus cargos na Assembleia Legislativa. Assim, na véspera, devem deixar a Câmara Municipal os vereadores Coronel Camilo (PSD), José Américo (PT), Coronel Telhada (PSDB), Marta Costa (PSD) e Roberto Trípoli (PV).

Vão substituir os cinco vereadores eleitos a deputado estadual, respectivamente, os suplentes João Carlos "Jonas Camisa Nova" (DEM), Wadih Mutran (PP), Quito Formiga (PR), Salomão Pereira (PSDB) e Abou Anni (PV), este último que já atua no lugar do titular Ricardo Teixeira, secretário das Subprefeituras, abrindo espaço para mais um suplente (Marcos Belizário, dirigente do PV e ex-secretário de Kassab).

Outros 11 vereadores disputaram a eleição de 2014, mas não se elegeram. Aspiravam a vaga de deputado federal: Paulo Frange (PTB), Conte Lopes (PTB), Eliseu Gabriel (PSB), Netinho de Paula (PCdoB) e Senival Moura (PT). A deputado estadual, concorreram sem sucesso os vereadores José Police Neto (PSD), Marco Aurélio Cunha (PSD), Gilson Barreto (PSDB) e Marquito (PTB). E ainda disputaram o cargo de governador do Estado os vereadores Gilberto Natalini (PV) e Laércio Benko (PHS).

Marco Aurélio Cunha é cotado
Porém, alguns deles são cotados para compor a administração Haddad: fala-se em Marco Aurélio Cunha para assumir a empresa São Paulo Turismo e Netinho de Paula para retornar à Secretaria da Igualdade Racial. No lugar deles assumiriam Ushitaro Kamia (PSD) - pois o próximo da lista, Rogério Farhat (PR), faleceu no mês passado - e Jamil Murad (PCdoB), dois veteranos da política.

Outros nomes dados como certos para assumir como secretários de Haddad são Nabil Bonduki (PT) na Cultura e um vereador do PMDB (Rubens Calvo ou Ricardo Nunes) na Segurança Urbana. Na fila de suplentes aparecem Alessandro Guedes (PT) e Luiza Nagib Eluf (que migrou para o PRP e por isso pode ter a vaga questionada na Justiça) ou o suplente seguinte da coligação entre PMDB, PSL, PSC e PTC em 2012, o pastor e ex-deputado Lelis Trajano (PSL).

Outros vereadores da base governista ainda almejam virar secretários. Seja como for, Haddad seguirá tendo maioria esmagadora nas votações em plenário e nas comissões internas da Câmara. A oposição não vai ter vida fácil até a sucessão do prefeito Haddad, em 2016. Porém, a última palavra, como sempre, será do eleitor paulistano - que não costuma reeleger seus prefeitos (Amém!).

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