sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Ônibus: Como Haddad vai justificar aumento da tarifa?

É muita astúcia do prefeito
"O que a Prefeitura paga não é compatível com a qualidade do serviço oferecido à população", conclui o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.

Uau! Essa turma do PT levou dois anos para perceber isso? Ninguém contava com a astúcia da gestão Haddad, hein?

Se a auditoria no transporte paulistano diz que a Prefeitura de São Paulo pode economizar 7,4% no serviço, como é que o prefeito Fernando Haddad vai justificar o aumento da tarifa, que vem por aí?

A Prefeitura apresentou na tarde desta quinta-feira (11) o resultado da auditoria feita pela empresa de consultoria Ernst & Young no sistema de transporte coletivo de São Paulo.

Entre as conclusões, o trabalho mostrou que a cidade tem potencial de economizar 7,4%, calculados a partir de viagens não realizadas pelas empresas de ônibus, gastos variáveis como combustível e garagem, além de custo de mão de obra.

O argumento oficial é que essa auditoria vai servir de base, segundo a Prefeitura, para elaborar um novo edital de concessão do sistema de ônibus, suspenso em julho de 2013 após as manifestações contra o aumento da tarifa.

O atual contrato foi assinado há 10 anos, na gestão anterior do PT na Prefeitura de São Paulo, mas pelo mesmo secretário, Jilmar Tatto. Ou seja, foi o próprio que contratou o serviço considerado atualmente insatisfatório. Por isso é estranho que o contrato siga prorrogado indefinidamente por Haddad, e a Prefeitura pagando a conta integral e em dia, apesar do flagrante desrespeito a diversas cláusulas.

De acordo com os usuários de ônibus - e a opinião da própria Prefeitura - o serviço prestado pelas empresas é insatisfatório. Porém, elas continuam recebendo o valor contratual determinado e subsídios crescentes que consomem parcela significativa do Orçamento da cidade. 

O secretário Jilmar Tatto anuncia que pode fazer um edital internacional para a nova licitação, prevista para acontecer no primeiro semestre de 2015, mas que a Prefeitura segue adiando há dois anos.

Entre os resultados da auditoria, que teve alguns pontos divulgados na semana passada, está a conclusão de que as empresas de ônibus contratadas pela Prefeitura estão economizando cerca de R$ 1 milhão por dia com viagens não realizadas no município.

O valor, que poderia chegar a R$ 30,8 milhões mensais ou R$ 369,6 milhões em um ano, é referente às partidas programadas que não são cumpridas. Segundo o estudo, 10,5% das viagens programadas não foram realizadas. O relatório informa também que, caso a Prefeitura aplicasse multas por esse descumprimento, o valor chegaria a R$ 36 milhões (e por que não aplica?).

O secretário alega que um dos motivos para uma empresa descumprir a quantidade programada de partidas pode ser também o fato de a multa ser mais barata do que a viagem em determinado horário (ele só esqueceu de dizer que fica ainda mais "barato", ou de graça, pelo simples fato de que a Prefeitura inexplicavelmente não pune as irregularidades).

A auditoria apontou também problemas na frota de ônibus e nas garagens. Estão ausentes 20% dos 37 itens de qualidade que deveriam constar dos coletivos. Metade dos ônibus não tinha triângulo de segurança, por exemplo. Já nas garagens, as irregularidades foram encontradas em 8% dos itens verificados.

Na questão da aplicação de multas por descumprimentos dos contratos, 10% delas estariam sendo canceladas pelo simples fato de serem preenchidas de forma manual. Com processo de digitalização lento, as multas acabam canceladas também por erro ou rasura no preenchimento.

Foram apontados ainda gastos excessivos com garagens. A auditoria mostra que seria mais barato alugar garagens do que comprá-las.

Leia também:

Artigo 1: "Ônibus em São Paulo: o ponto da discórdia"

Artigo 2: "Ônibus em São Paulo: futuro incerto"