terça-feira, 18 de novembro de 2014

Procura-se prefeito para uma cidade desgovernada

A ruindade da gestão Haddad é tão evidente que a sucessão eleitoral entra na pauta da cidade antes mesmo da metade do seu mandato. Pior: a antecipação da campanha parte de dentro do próprio PT!

Com outro detalhe inusitado: a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy já havia diagnosticado também a ruindade do governo Dilma e ensaiado um "Volta, Lula", no desespero para salvar a lavoura diante do previsível tsunami resultante do frágil primeiro mandato dilmista.

Ou seja, existe sinal de vida inteligente no mundo petista, apesar de perdido num universo de corruPTos e incomPTentes. Marta mostra que nem todos aderiram à cegueira conveniente do poder e se renderam à fantasia do marketing governista.

Por isso, exceção à regra, ela virou "persona non grata" para a raivosa milícia PTbull (e entrou para a lista de caça a ser abatida, somando-se a ex-petistas como Marina Silva, Eduardo Jorge e Soninha Francine). É sintomática a pancadaria que sofre de militantes profissionais nas redes sociais.

Com todos os seus defeitos, a gestão de Marta Suplicy foi milhões de vezes superior à do prefeito Haddad. O povo de São Paulo sabe disso. O PT, ainda mais. Daí o desespero. Assim como na época de Erundina, a maior parte dos problemas da Prefeitura não foram fruto dos erros pessoais da prefeita da ocasião, mas da falha no DNA petista.

O agravante para Haddad é que, além de ser dominado pela cúpula do PT e seu modus operandi aprimorado para o aparelhamento e a dilapidação da máquina pública, ele é particularmente despreparado e inaPTo para o cargo.

Diante deste quadro, o nome de Marta se coloca naturalmente na disputa. Sem espaço no PT, pode buscar abrigo no PMDB, no PR ou na Rede. O fato é que, por qualquer legenda, se ela fizer uma oposição qualificada contra o prefeito Haddad, atrairá parcela significativa do voto petista (descontente com os rumos do partido) e também do anti-petista.

O primeiro efeito da antecipação da campanha, com a possível candidatura de Marta e a tentativa de reeleição de Haddad, será forçar o PSDB a buscar um nome de peso para chegar ao 2º turno.

Fala-se no vereador e ex-ministro Andrea Matarazzo, no senador Aloysio Nunes e no deputado Bruno Covas, mas também nunca se descarta José Serra (há quem já defenda como chapa supostamente imbatível: Serra prefeito e Russomanno vice).

Animado pelos resultados de 2014, como recordista nacional de votos para deputado, e de 2012, onde só não chegou ao 2º turno para prefeito pela "desconstrução" patrocinada pelo PT, Celso Russomanno é o vice dos sonhos de qualquer oponente, mas é provável que venha mesmo novamente como candidato a prefeito, inclusive liderando as primeiras sondagens de intenção de voto, apesar das fragilidades do seu PRB.

Há outros personagens coadjuvantes, como Gilberto Kassab, que pode ser nomeado ministro (das Cidades?), fato que o levaria (ou não?) a fechar o apoio do PSD a Haddad. Se bem que dentro do partido dele há lideranças que já saíram descontentes (e derrotadas) pela aliança com o PT em São Paulo, como Police Neto, Marco Aurélio Cunha e Alexandre Schneider.

Uma aposta de risco para Kassab seria tentar atrair Paulo Skaf ou Gabriel Chalita do PMDB do vice-presidente Michel Temer para o PSD, ou apostar na candidatura de Henrique Meirelles (se este também não for nomeado para o Ministério de Dilma).

Ainda que estejamos muito longe da eleição municipal, a bola da vez é Marta Suplicy. E, mesmo se passar essa onda, parece improvável surgir outro nome competitivo para quebrar a quadra de protagonistas (HaddadMartaRussomanno e um nome tucano, com alguma vantagem para Aloysio).

Alguém arrisca um cenário diferente?

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