quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Haddad, o prefeito amigo do mercado imobiliário

Em busca da popularidade perdida, Haddad promete mais habitação social 
O que você imagina quando ouve falar em Habitação de Interesse Social (HIS), Habitação de Mercado Popular (HMP) ou Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS)?

Pensa logo em famílias de baixa renda realizando o sonho da casa própria por um preço acessível, certo?

Se tiver a chancela governamental do Programa Minha Casa Minha Vida, então... Hmmm! Sabe de nada, inocente!

Apesar do PT tentar nos fazer acreditar neste país das maravilhas da propaganda surreal que ajudou na reeleição da presidente Dilma Roussef, levando em conta também o empenho do prefeito Fernando Haddad - num processo desesperado de recuperação da popularidade perdida - ao anunciar moradia de interesse social em São Paulo como água em tempo de estiagem, não é bem isso que acontece.

Vejamos um desses lançamentos atrelados ao Minha Casa Minha Vida: na região central, esquina das ruas Andrade Reis, nº 30, com Oscar Horta, próximo ao Metrô Parque D. Pedro, à Avenida do Estado e à Radial Leste.

Home Multy Mooca: na esquina das ruas Andrade Reis com Oscar Horta
É o Home Multy Mooca, com apartamentos de 33 até 55 m², de 1 e 2 dormitórios, num único bloco de 17 andares a ser construído no terreno de 1.876 m² pela Atua Construtora (que surgiu em 2007 da união da Econ Construtora com a Yuny Incorporadora) e anunciado pelos consultores imobiliários da Abyara Brokers.

Trata-se, segundo eles, do "mais novo projeto imobiliário residencial, com lançamento previsto para 15/11, no bairro da Mooca, ao lado do Centro". Ainda segundo os corretores: "Um lançamento residencial pelo Programa Minha Casa Minha Vida - HIS e HMP - com melhor e menor preço jamais visto na região."

Outros ganchos do marketing imobiliário que instigam o desejo consumista de qualquer um: "Antecipe-se em conhecer pois este empreendimento vai vender tudo em poucos dias", ou "Lazer completo, com terraço gourmet e muito mais!".

Se não bastasse. para completar: "Agende uma visita e conheça o apartamento modelo decorado". E ainda o argumento derradeiro: "ÓTIMO PARA MORAR OU PARA INVESTIMENTO". (Ops!!!)

Benefícios do Minha Casa Minha Vida com valor de mercado
Então quer dizer que não se trata exatamente de "habitação popular" em "zona de interesse social", mas de um lançamento padrão das construtoras no mercado, desses que o PT e seus satélites esquerdistas gostam tanto de rotular como "especulação imobiliária", que simplesmente pega carona nos benefícios do Programa Minha Casa Minha Vida. É isso?

O preço bem salgado, em se tratando de "moradia popular", não nega: de R$190.000,00 a menor unidade, com 33 m², um dormitório, sem direito a vaga na garagem, até R$340.000,00 com 55 m², uma vaga e dois dormitórios.

Algo em torno de R$ 6.200,00 o preço do metro quadrado, ou seja, dentro da média do mercado para esse tipo de empreendimento.

Parceria administrativa e eleitoral
Dilma e Haddad recebem o ex-rebelde e atual aliado Boulos
É interessante observar a relação bastante próxima do prefeito Fernando Haddad com o setor imobiliário. Após um início de governo tumultuado, hoje a sua gestão já consegue agradar do presidente do Secovi, o sindicato das empresas do setor da habitação, ao líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, verdadeiro parceiro da administração petista.

Segundo Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP, são "interessantes" as medidas de estímulo ao mercado de construção adotadas pelo governo federal do PT. Para ele, Haddad também tem "aparentemente, muito boa intenção" porque "entendeu como a cidade funciona e como deve se desenvolver".

Área da Atua Construtora com seus outros dois empreendimentos ao fundo 
Especialmente com a Abyara Brokers, esta empresa que comercializa o já citado Home Multy Mooca, atrelado ao Programa Minha Casa Minha Vida, a relação de amizade e confiança em Haddad e no PT se traduz em contribuição eleitoral.

Registre-se que a prestação de contas da campanha do prefeito Haddad chegou a ser reprovada pela Justiça Eleitoral (Processo nº 769-41.2012.6.26.0006), entre outras pendências, pela omissão de ao menos uma contribuição da Abyara Brokers Intermediação Imobiliária Ltda., no valor de R$ 15 mil.

A empresa doou, nas eleições de 2012, R$ 80 mil para a Direção Nacional do PT e outros R$ 20 mil para o vereador Arselino Tatto, que se tornaria o líder do governo Haddad. Na eleição anterior, em 2010, a Abyara já havia contribuído com R$ 15 mil para a eleição de Marta Suplicy ao Senado.

A Atua Construtora - que tem uma dezena de novos empreendimentos na Grande São Paulo e pelo menos mais dois no mesmo quarteirão do Home Multy Mooca (ruas Dom Bosco e Odorico Mendes) - também fez doações em 2010.

Contribuiu para as campanhas da deputada federal Janete Pietá e do deputado estadual Alencar Santana Braga, ambos eleitos pelo PT de São Paulo. Isso tudo declarado oficialmente ao TRE.

Mas a relação das construtoras com a Prefeitura de São Paulo não se limita ao financiamento eleitoral. Se não bastasse serem tradicionalmente as maiores doadoras de campanhas políticas, outra polêmica - sempre motivo de críticas da população e dos movimentos organizados - é o suposto favorecimento a essas empresas (entre elas a Abyara) em detrimento, por exemplo, da implantação de parques na cidade.

Interesses econômicos x interesses ambientais

Movimentos populares reivindicam novos parques na cidade
Há vários embates na cidade travados entre as construtoras que pretendem erguer empreendimentos imobiliários em áreas verdes com as comunidades locais que as desejam ver preservadas, como Parque Augusta, Mooca e Vila Ema, para citar três casos recentes.

Até o momento, os interesses comerciais tem prevalecido sobre os ambientais e a nossa preocupação com a sustentabilidade e a qualidade de vida fica em segundo plano.

A Prefeitura alega, sistematicamente, não dispor de recursos financeiros necessários à desapropriação dessas áreas, além de defender a necessidade de uso dos grandes terrenos disponíveis para a construção de habitações de interesse popular.

Chegando a este ponto da leitura da postagem do Blog do PPS, com a quantidade de informações disponíveis, você ainda acredita nessa versão oficial da gestão Haddad?

Eis a realidade exposta sem o filtro da imprensa cooPTada, com os argumentos de um lado e do outro aí explicitados para cada cidadão paulistano poder opinar. Será que a Prefeitura defende realmente o interesse "social", ou sempre falará mais alto o interesse econômico do setor campeão em doações eleitorais e em anúncios publicitários nos maiores veículos de comunicação?

Antes de formar o seu juízo de valor, recomendamos outras leituras: