quarta-feira, 27 de junho de 2012

Datafolha mostra rejeição à estratégia lulomalufista

A Folha de S. Paulo - em que pese uma cobertura meio "perdida" das eleições paulistanas - publicou hoje uma pesquisa Datafolha que serve para comprovar ao menos uma impressão geral: Lula está errando a mão na condução da candidatura do seu pupilo Fernando Haddad.

Se não bastasse ter atropelado as prévias do PT, gerando uma crise com a ex-prefeita Marta Suplicy, protagonizou outros episódios deploráveis, em sequência: a propaganda ilegal no Programa do Ratinho, a polêmica foto nos jardins da mansão de Maluf, o consequente (e previsível) afastamento de Luiza Erundina (PSB) e, por último, forçou a retirada da candidatura de Netinho de Paula (PCdoB).

O Datafolha registra que 64% dos petistas rejeitam apoio de Maluf a Haddad, nessa estratégia kamikaze de Lula.

Junte tudo isso com a definição para vice de Haddad da comunista Nádia Campeão, ex-secretária de Esportes na gestão petista e ex-candidata a vice na chapa derrotada de Aloizio Mercadante ao governo do Estado em 2006, e a tragédia lulomalufista está completa.

Registre-se que o PPS herdou, no início da gestão Serra/Kassab, a Secretaria de Esportes da cidade de São Paulo, que era comandada e aparelhada pelo PCdoB. Um terror administrativo.

Prefeituráveis

Esse Datafolha de hoje - que nem a própria Folha destaca - mostra que Haddad e Soninha permanecem empatados em 3º lugar, com 6% das intenções de voto (na pesquisa anterior, ambos tinham 8% - variação dentro da chamada margem de erro). Serra mantém liderança com 31% das intenções de voto, seguido de Russomanno, com 24%.

Mais estranho foi o Datafolha ter mantido Netinho de Paula na pesquisa - após a crônica da morte anunciada de sua candidatura. Melhor teria sido mensurar para onde vão os votos do vereador e pagodeiro.

Maluf x Erundina

A opção da Folha foi medir as consequências da coligação do PT com Maluf e do afastamento de Luiza Erundina. Os números indicam que a foto de Lula com Maluf pode prejudicar Haddad . A maioria dos entrevistados (59%) disse que não votaria num candidato apoiado pelo ex-prefeito. Outros 12% seguiriam sua indicação, e 26% seriam indiferentes.

"A rejeição ao apoio de Maluf é muito alta e pode vir a ser determinante na eleição. Agora temos que ver como isso será explorado na campanha", diz o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.

A desistência de Erundina, em protesto contra a aliança do PT com o adversário histórico, teve ampla aprovação popular: 67% dos eleitores disseram que ela "agiu bem". Outros 17% reprovaram a atitude, e 16% não opinaram.

Outra má notícia para Haddad é que a influência de Lula segue em queda. Hoje, 36% dos eleitores dizem que o apoio do ex-presidente os faria escolher um candidato. O índice era de 49% em janeiro, e cai a cada pesquisa.

Uma última observação sobre a cobertura eleitoral da Folha: se não bastasse forçar uma polarização que não existe entre Serra e Haddad - privilegiando a cobertura de ambos em prejuízo dos demais candidatos (que, inclusive, sempre apareceram à frente do petista no Datafolha) - o jornal insiste em colocar Haddad acima de Soninha no gráfico das pesquisas, ainda que os índices sejam idênticos. Vai entender...