domingo, 1 de abril de 2012

1º de abril: jornalistas, mentiras e meias verdades

A capa da Folha de S. Paulo neste dia 1º de abril veio a calhar. E, perdoe o trocadilho, não dá para calar. A auto-propaganda é boa ("Folha. Nada além da verdade"), mas a realidade é um pouco diferente. A imprensa não precisa mentir descaradamente, mas distorce completamente os fatos publicando apenas meias verdades.

Vamos usar a própria Folha como exemplo. A Revista São Paulo, ou "revista da Folha", encartada todo domingo no jornal, não mentiu, mas cometeu um erro duplo, apenas com meias verdades.

Publicou na semana passada uma entrevista (boa, por sinal) com Soninha Francine, pré-candidata do PPS à Prefeitura. Afirmou que Soninha tem 7% de intenção de votos no "melhor cenário" da pesquisa Datafolha. Não é verdade. Soninha tem 7% em um único levantamento, no que seria exatamente o seu "pior cenário", porém o mais próximo da realidade, com José Serra (PSDB) na disputa. Nas demais sondagens, Soninha chega a 11%.

Neste domingo, o entrevistado é Gabriel Chalita (PMDB), dando sequência à série com os pré-candidatos (que rendem pérolas como a de Paulinho, do PDT, que respondeu "cachaça" à pergunta sobre o que não poderia faltar no seu gabinete de prefeito). Mas, voltando às meias verdades: a revista aponta que Chalita tem 15% e é segundo colocado no seu "melhor cenário".

Como assim? No levantamento com José Serra candidato, Chalita tem os mesmos 7% de Soninha Francine. Portanto, esse não deveria ser tratado nem como "melhor" nem como "pior", mas como "cenário real", ou "mais provável".

Então é mentira que no "melhor cenário" Chalita tem 15%, como afirma a revista? Não, não é mentira. É apenas meia verdade. Chalita tem 15% num cenário do Datafolha absolutamente irreal, improvável e inverossímil, e estaria em 2º quando são colocados apenas 3 candidatos na eleição paulistana (o próprio Chalita, o tucano Serra, que lidera, e o lanterna Haddad). Só. Ou seja...

Citamos a Folha de S. Paulo como exemplo motivado pela capa deste domingo, 1º de abril, e porque realmente é a mais próxima, transparente e acessível. Temos um bom histórico de diálogos e polêmicas com o jornal, quase tudo devidamente publicado.

Faltou essa aqui, da semana passada, não publicada:

Ao Painel do Leitor

Sobre a nota "Os infiltrados" (Monica Bergamo, quarta, 28/3), informamos que o PPS lançará Soninha Francine à Prefeitura de São Paulo com uma campanha dinâmica, afirmativa, inovadora, leve, propositiva, assim como em 2008, quando pautamos os debates e as demais candidaturas com temas como mobilidade urbana, reconfiguração do território e sustentabilidade.

O PPS não se presta a esse tipo de acordo, nem como "linha-auxiliar", nem para "bater" em qualquer adversário. Quem já cansou de apanhar é o eleitor paulistano, ávido por uma campanha limpa e diferenciada. É o que faremos.


A nota questionada:

OS INFILTRADOS

O vereador Netinho (PC do B), pré-candidato a prefeito, surpreendeu outros postulantes ao cargo com sondagem para acordo em que centrassem fogo em José Serra (PSDB-SP) na campanha. A ideia era reunir Gabriel Chalita, Celso Russomanno e -surpresa!- até Soninha (PPS-SP). Assessores de um dos candidatos ficaram perplexos: Soninha é amiga e tida como aliada de Serra em um eventual segundo turno.


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