terça-feira, 20 de março de 2012

Nova reflexão pré-eleitoral e a simbiose política

De tempos em tempos, é bom fazer uma análise sobre os desdobramentos, fatos e boatos que marcam esse período pré-eleitoral. A primeira farsa derrubada: que a eleição seria, necessariamente, polarizada entre PT e PSDB - o que inviabilizaria, portanto, a idéia de uma terceira via, ou a construção de uma candidatura alternativa à polarização nacional.

Os números demonstram o contrário: os tucanos tiveram que reabilitar Serra, o único nome viável do PSDB paulistano, e Haddad não passa dos 3% (chega a inflados 8% numa situação hipotética com apenas 3 candidatos: ele, Chalita e Serra), deixando o PT em uma vexatória 7ª posição, atrás de Soninha (PPS), Netinho (PCdoB), Russomanno (PRB), Paulinho (PDT) e os já citados Chalita (PMDB) e Serra (PSDB).

O PPS lançou proposta de candidatura alternativa à polarização PT x PSDB, em torno de Soninha Francine, primeiro no Blog do PPS e depois em artigo na Folha de S. Paulo. O que parecia uma idéia absurda, demonstrou na prática a viabilidade: hoje, Russomanno, Netinho, Paulinho e Chalita debatem proposta idêntica.

Dissemos - e está comprovado - que a polarização PT x PSDB só interessava a ambos (e à imprensa míope), numa estranha simbiose política. Nota do Blog do PPS: Simbiose, para quem não sabe, é a associação de dois ou mais seres de espécie diferente, que lhes permite viver com vantagens recíprocas e os caracteriza como um só organismo - não podendo ser separados um do outro (o que causaria a morte de ambos).

Outro esclarecimento necessário: quando constatamos a saturação do eleitor com a polarização PT x PSDB - e a descrença na política e nos partidos de modo geral - estamos reiterando a necessidade de uma nova forma de atuação, com mais ética, transparência e sem os velhos vícios da politicagem tradicional. É o que o PPS aprovou nos seus congressos e exercita com a tese da #REDE23.

Porém, o PPS não se omite: apoiou e participou da gestão Serra/Kassab contra o PT - que instituiu na Prefeitura de São Paulo o modus operandi que seria "aprimorado" no governo federal com Lula e Dilma, incluindo o loteamento da máquina e métodos pouco ortodoxos para cooPTação de antigos adversários.

Portanto, não faz muito sentido o chororô de alguns tucanos (eles próprios divididos), que vêem uma afronta na proposta de terceira via defendida pelo PPS. Calma lá, companheiros! Seguimos aliados no campo de oposição ao PT, mas entendemos que em São Paulo, especialmente, podemos construir uma proposta mais moderna, viável e diferente para a cidade, em torno da candidatura de Soninha Francine. É a idéia do "sinal verde" que vem empolgando a nossa militância, os pré-candidatos do partido e setores significativos da sociedade.

A verdadeira crise pré-eleitoral, quem enfrenta é o PT. Atropelaram Marta Suplicy - o único nome viável do partido, além de Eduardo Suplicy, considerado "café-com-leite" nas disputas internas - por ordem de Lula e agora têm um mico na mão. Registre-se, aqui, que temos divergências inconciliáveis com Marta e Eduardo Suplicy, mas os respeitamos, como setores do próprio PT não o fazem.

Encruzilhada lulista: Como convencer os partidos aliados no governo federal (PMDB, PR, PDT, PSB, PRB, PCdoB etc.) - ainda que todos tenham seus ministérios e carguinhos na máquina - a desistirem para apoiar o PT? Como fazer Russomanno (com 19% no Datafolha), Netinho (10%), Paulinho (8%) e Chalita (7%) abrirem mão das candidaturas em favor do "PosTe" Haddad (3%)?

Veja que o PT enfrenta um problema extremamente complexo: qualquer candidato petista parte tradicionalmente em São Paulo com índices de 25% a 30% de intenção de votos. O ex-ministro Haddad larga com 10% desse patamar histórico. Um horror! ENEM queira saber o que os petistas pensam disso...

Além de ser um ilustre desconhecido da população (lembrando que a antes desconhecida Dilma Roussef, diferentemente, foi trabalhada por Lula como "mãe do PAC" por anos seguidos antes da eleição), todos os outros partidos apresentam seus pré-candidatos como apoiadores de Dilma.

Sem exceção, Russomanno, Netinho, Paulinho e Chalita - de PRB, PCdoB, PDT e PMDB - fazem parte do consórcio lulodilmista. Isso confunde a cabeça do eleitor e dissipa a influência que teria o apoio de Lula e Dilma na eleição paulistana.

Por outro lado, Serra e Alckmin se uniram por um interesse comum, ainda que o PSDB também estivesse - e esteja - dividido em alas (as pré-candidaturas de Bruno Covas, José Anibal, Andrea Matarazzo e Ricardo Trípoli demonstraram isso; bem como o racha nacional entre Serra e Aécio).

Exímio estrategista e articulador político, o prefeito Gilberto Kassab (PSD), com o comportamento pendular entre PT e PSDB, além da influência que exerce em partidos como PV, PSB e PDT, ajudou a inflacionar o "mercado eleitoral", confundir o eleitorado e afundar o PT na crise - que está só começando.

Um exemplo: a Band tradicionalmente realiza o debate inaugural na TV em todas as eleições com os cinco primeiros candidatos nas pesquisas. Hoje Haddad é o 7º. Tem até o dia 2 de agosto para avançar, senão estaria (em tese) fora do debate. Um acontecimento inédito desde a fundação do PT.

Outra guerra intrapartidária que está apenas começando: definido o apoio ao candidato majoritário (prefeito), os partidos iniciam as negociações para as chapas proporcionais (vereadores). O candidato a prefeito carrega o número do seu partido de origem. Com isso, a tendência é que o voto de legenda para vereador - importante para alavancar a eleição de bancadas mais expressivas - seja maior para partidos que lancem candidatura própria.

O recém-fundado PSD kassabista, para citar o caso mais emblemático, terá 11 vereadores candidatos à reeleição. Isso, sem tempo de TV. Dependerá, portanto, da coligação com Serra e o voto no 45 - o que deixa os tucanos arrepiados. Nas eleições de 2004 e 2008, o PT enfrentou o mesmo dilema: para ter o apoio do PTB e PR, respectivamente, viu sua própria bancada diminuir e "emprestou" votos para eleger nomes dos partidos aliados.

A última da semana: o TSE decidiu proibir qualquer referência a candidatos no twitter - que pode ser interpretada como propaganda antecipada, ou seja, crime eleitoral. O PPS defende a ampla e irrestrita liberdade de expressão nas redes e já tomou providências.

Falta pouco mais de seis meses para a eleição. Como se diria popularmente: a chapa está esquentando.

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Veja entrevista de Soninha à Maria Lydia na Gazeta

Veja aqui a íntegra da entrevista de Soninha à CBN