quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Painel da Folha tem seu dia de Sonia Abrão

Estaleiro É delicado o estado de saúde de Orestes Quércia (PMDB-SP), que ontem divulgou nota suspendendo as atividades da campanha diante da necessidade de submeter, segundo o texto, a "exames médicos aprofundados". Outro candidato ao Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), também enfrenta problemas nessa área.

De inocente não tem nada a nota acima, publicada no Painel da Folha de S. Paulo de hoje. A editora da coluna política da Folha, Renata Lo Prete, jornalista escolada, não devia se prestar a esse papel agourento à moda de Sonia Abrão na TV, que tem um prazer mórbido por doenças e tragédias.

O que se especula, e a nota disfarça mal, é que talvez Orestes Quercia e Romeu Tuma, supostamente enfrentando problemas graves de saúde, não cumpram seus oito anos de mandato se eleitos senadores. Realmente, é uma possibilidade. Assim como muitos apostavam que o vice-presidente da República, José Alencar, também não resistisse tanto tempo. Erraram.

O que incomoda nessas "apostas" é a certeza arrogante dos jornalistas. A mesma Renata Lo Prete apostava, em 2008, que o PPS não teria candidatura própria à Prefeitura de São Paulo. Errou. O partido lançou Soninha Francine e fez uma campanha diferenciada e bem sucedida.

Com essa nota sobre Tuma e Quercia, o que se pretende? Seria uma campanha subliminar para votar em candidatos mais "jovens" e "saudáveis"? Talvez Marta Suplicy e Netinho de Paula?

Suplentes de senador

O que deve ser discutido, e aí sim cabe o questionamento jornalístico, é a abominável escolha dos suplentes de senadores. São nomes escolhidos sem nenhuma transparência ou critério democrático, eleitos no "pacotão" do senador.

Quer dizer, supondo que Marta confirme o favoritismo (e Dilma, idem), seja eleita senadora e vire ministra, quem vai assumir a vaga de senador por São Paulo será o seu suplente, vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR), presidente da Câmara Municipal de São Paulo e líder do "Centrão", agrupamento de vereadores que barganham "espaço político" com o Executivo da ocasião.

É isso. Sem obter um único voto, o sujeito pode receber um mandato popular por oito anos. Será que na reforma política que se discute há anos no Congresso não podem pensar em mudar a suplência de senadores?