sexta-feira, 19 de março de 2010

ONU aponta desigualdade nas cidades brasileiras

A Folha informa que relatório divulgado nesta sexta-feira, no Rio, pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU Habitat) estima que 10,4 milhões de pessoas deixaram de viver em condições de favelização no Brasil nos últimos dez anos. Aponta, no entanto, que as cidades do país estão entre as mais desiguais do mundo.

Os 10,4 milhões de pessoas equivaleriam, diz a ONU, a uma redução de 16% na proporção de moradores de "assentamentos precários" na população brasileira, que teria caído de 31,5% para 26,4%.

O documento antecipa o 5º Fórum Urbano Mundial, que começa na segunda no Rio.

A redução na proporção de moradores de assentamentos precários no Brasil é atribuída a políticas que "aumentaram a renda dos pobres urbanos", à redução do crescimento populacional e a programas de urbanização, entre outros.

Segundo o relatório, a desigualdade nas cidades brasileiras é "muito alta", no mesmo patamar de centros urbanos de países como Colômbia, Argentina, Etiópia e Zimbábue.

O indicador mostra a má distribuição da riqueza, o que faz com que cidades pobres, como Pointe Noire, no Congo, apareçam entre as mais iguais, enquanto Washington (EUA) está entre as mais desiguais. Mas a desigualdade se reflete no alocamento dos terrenos, dos espaços públicos e dos serviços urbanos, afirma a ONU.

Em todo o mundo, o relatório estima que 227 milhões de pessoas deixaram de viver em assentamentos precários entre 2001 e 2010.

Discrepância

Dados do IBGE de 2000 mostravam que 6,5 milhões de brasileiros, ou 3,8%, viviam em "aglomerados subnormais", moradias dispostas de forma densa e desordenada em áreas de propriedade alheia.

Pesquisadores argumentam que o dado é subestimado, e há estudos que apontam que o número pode chegar a 12,4 milhões de pessoas, ou 7,3%.

Como o Habitat não informou os critérios usados para definir população favelizada, não é possível investigar por que os dados são discrepantes.