quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Como desaparecer com R$ 13 milhões à toa

Muita gente vinha se intrigando com a campanha sobre os desaparecidos políticos na TV. Afinal, o que justifica uma campanha governamental vir em horário nobre pedir que, mais de 40 anos depois, alguém que tenha informações sobre algum dos 140 desaparecidos políticos brasileiros se manifeste.

Pois O Globo traz matéria sobre o tema. Revela que o governo está gastando pelo menos R$ 13 milhões para pedir à sociedade informações sobre desaparecidos. O respeitado grupo Tortura Nunca Mais define a campanha como “mera encenação”, pois o próprio governo não abriu seus arquivos.

Para o Tortura Nunca Mais, a iniciativa é parte de uma estratégia para evitar que em breve o Brasil seja condenado pelo tribunal da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, em processos sobre desaparecidos políticos.

Veiculada em rádio, TV, jornais, revistas e internet, a campanha Memórias Reveladas diz que o governo tem uma dívida com as famílias dos desaparecidos políticos, e que elas “têm o direito sagrado de enterrar os corpos dos seus entes queridos”. Segundo o anúncio, permanecem desaparecidas 140 pessoas que “lutaram e morreram por um Brasil mais justo”. E faz um apelo: “Para que não se esqueça. Para que nunca mais aconteça”.

Para o Tortura Nunca Mais, o governo deverá obter pouco material através da campanha, pois as pessoas mais diretamente interessadas — parentes de desaparecidos — só possuem dados que investigaram por conta própria ou com a ajuda de entidades civis.

— Se alguém tiver um documento oficial em mãos, trata-se de material roubado do governo e, portanto, um crime. Por isso, é estranho esse pedido.

Lamentável.